RUÍDO

Não vemos tudo o que existe. Encaixámos o tempo em horas, minutos, anos; as distâncias em centímetros, milhas, anos-luz. Inventámos deuses para não termos perguntas sem respostas. Estudámos, corrigimos, medimos: tentámos. Nem tudo o que existe pode ser observado, ou pode ser percebido pelas formas às quais nos habituámos. Nunca ninguém viu um buraco negro. O cosmos parece silencioso, porque não sabemos ouvi-lo. Não podemos entender sensorialmente a dimensão do Universo. Esforçamo-nos por imaginar que tamanho toma tudo o que existe, a velocidade inultrapassável da luz, coisas que continuam a existir enquanto tendem para o infinito. Algures – muito para além do azul a que chamamos céu – nascem e morrem estrelas, formam-se buracos negros que tentamos descrever, há pequenos defeitos quase tão antigos como o Big Bang que provocam ainda hoje ondas no espaço-tempo que se propagam, sem darmos por elas. As medidas do quotidiano não servem para a grandeza do Universo.
Como é que conseguimos encontrar na nossa linguagem uma estrutura que nos permita pensar sobre estas coisas? Que questões colocam as investigações da astrofísica à nossa forma antropocêntrica de conhecer o mundo? Propomo-nos não só compreender melhor o universo através da astrofísica, mas também questionar o sítio a partir do qual a astrofísica se desenvolve. Enquanto observamos o universo, em que lugar nos colocamos? O que é a objectividade? A que imagens recorre um cientista para poder falar sobre coisas que parecem não caber na nossa linguagem comum? Que relação tem o tempo que medimos e gastamos enquanto vivemos com o tempo que estrutura o Universo?

Como distinguimos no ruído o que realmente queremos ouvir?

Ruído é um projeto da Noitarder em colaboração com o Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) e o Planetário do Porto – CCV, no âmbito do projeto de investigação científica e desenvolvimento tecnológico À procura de cordas cósmicas e outros defeitos topológicos com ondas, que tem como investigadora principal a doutora Lara Sousa.

Richard Feynman sobre o que é a ciência

caderno-de-Zurich

              Uma página do caderno de Zuriche do Einstein

Cuca

 Foto da Cuca, que invadiu as nossas gravações.

 

WTF-is-matéria-escura

Nota do meu caderno sobre matéria escura.

A-lara-explica-melhor-1

Conversa no grupo do whatsApp em que a Lara "explica melhor".

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Conversa no grupo do whatsApp em que a Lara "explica melhor". (2)

Raquel-berlindes

Foto em que mexo em berlindes com luvas.

Berlindes-a-lavar
Aquários-a-lavar

Fotos de aquário e Berlindes na máquina de lavar.

 

Raquel S. nasceu em 1986 e viveu em Monção até aos dezassete. Estudou Filosofia e Estudos Literários, Culturais e Interartes. Trabalha a partir do Porto como dramaturga – escrevendo e dirigindo peças de sua autoria – e dramaturgista - acompanhando espectáculos de teatro e dança de várias companhias e adaptando textos de outros autores.
Dirigiu dois espectáculos de sua autoria no TUP - Teatro Universitário do Porto: Medeia de Noitarder (2013; Prémio Cidade de Lisboa no FATAL), uma reescrita da Medeia, e Atequando (2016), que partia do universo de Beckett. Co-dirigiu Ainda (2017), peça de dança sobre efemeridade .
Em 2018 fundou a Noitarder, estrutura que procura cruzar teatro, literatura e filosofia, da qual é directora artística e onde estreou Longe (2018), ensaio teatral sobre memória e morte, e amor.demónio (2021), monólogo a partir da vida de freiras reais e ficcionais.
Neste momento prepara Ruído, espetáculo de pensamento e divulgação científica no âmbito de um projecto de investigação na área da Astrofísica, e INVASÃO!, no Teatro Experimental do Porto, uma crítica à epopeia Os Lusíadas. Aguarda também a apresentação e publicação multilíngue do texto Carne, que escreveu no âmbito da École des Maîtres 2020 (edição dedicada exclusivamente a dramaturgas).
Para além do trabalho teatral, escreveu textos ensaísticos, textos para curta-metragens e para fanzines independentes. Escreveu o livro-poema Fogo Lento. Fez assistência de direcção artística em espectáculos e no FITEI 2019; moderou conversas pós-espectáculo e deu aulas de dramaturgia na ACE Escola de Artes.


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