Incursão pelo arquivo #2

Pedro, Paulo foi a Roma
Jesus Cristo o encontrou
Pedro, Paulo, o que vai lá?
Muita zipla, zipela, muita gente morre dela
Pedro, Paulo, torna atrás e a talharás
Com azeite virgem, água da fonte e queirozses do monte.

Jesus quando pelo mundo andou
Homem bom e mulher má encontrou
Homem bom lhe deu pousada
Mulher má lhe fez a cama
Sobre vide e sobre lama
Assim como isto é verdade, sai-te dada desta mama.

Jesus, nome de Jesus
Onde se alumia o santo nome de Jesus
Não ficará mal nenhum
Os navios vão para o mar
Com a pedra de cevar
Assim como isto é verdade
Vá o baço e o ventre para o seu lugar.

Gracinda-com-o-seu-cão-de-estimação-Parte-5

Gracinda da Mina acompanhada pelo seu cão. Lavadores, Vila Nova de Gaia (sem data)

Processo de Ana Martins

Processo Inquisitorial que está arquivado na Torre do Tombo. Decorreu entre 1689 e 1694.

Estatuto social: Cristã velha
Idade: [75] anos
Crime/Acusação: relapsia em bruxaria e feitiçaria
Naturalidade: Vila Pouca de Aguiar, Guimarães, bispado de Miranda
Morada: São Vicente, concelho de Felgueiras, comarca de Guimarães, arcebispado de Braga
Pai: Domingos Pires, cristão-velho, lavrador
Mãe: Catarina Dias, cristã-velha
Estado civil: casada
Cônjuge: António Machado, lavrador
Data da prisão: 20/10/1689
Sentença: auto-de-fé de 16/05/1694. Excomunhão maior, confisco de bens, relaxada à justiça secular.

(https://digitarq.arquivos.pt/details?id=2350960)

Gracinda-na-única-foto-a-cores-PARTE-1

Única fotografia a cores da Circe Gracinda. Lavadores, Vila Nova de Gaia (sem data).

Ana Martins, não tendo ciência alguma, não sabendo ler nem escrever, curava de várias enfermidades e para esse fim a procuravam muitas pessoas ou a mandavam consultar a respeito dos achaques que padeciam, e lançava os espíritos malignos fora dos corpos de algumas pessoas, que estavam endemoninhadas, desfazia feitiços, desligava as pessoas que estavam ligadas, descobria os furtos, declarando quem os havia feito. E, para efeito de fazer as ditas coisas e obrar todo o referido, não aplicava remédios naturais e proporcionados para o fim que pretendia, mas somente curava de palavras que dizia, e bênçãos, que lançava sobre as pessoas enfermas, e estando estas distantes, obrava o mesmo, benzendo os vestidos ou qualquer outra coisa, que das ditas pessoas lhe traziam [...] Como a ré não confessava o pacto [com o Diabo] foi «convencida no ‘segundo lapso do crime de feitiçaria, e por convicta, relapsa, revogante e impenitente’ relaxada à justiça secular». (Adolfo Coelho, Obra Etnográfica vol. II).

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